JUSTIFICATIVA


RAISSA PRELIPKO. Moradora do bairro de Brigadeiro Tobias, um dos bairros mais históricos da cidade de Sorocaba, a região que traz o nome do patrono da Polícia Militar do Estado de São Paulo, não guarda apenas a história de Sorocaba, mas também de todo país. 

Viveu de perto os horrores do nazismo durante Segunda Guerra Mundial, Nascida em 1937, na cidade de Jusouka, na Rússia, tinha dois anos quando a ameaça de guerra virou realidade, em 1939.

Seu Pai, Gregório, foi convocado para lutar e morreu em combate, sua Mãe Ana ficou sozinha com seus quatro filhos, Raissa, Jorge Yuri e Ludmila e grávida de Valentina, recorda-se, Depois da morte do Pai a família foi morar com os avós de Raissa. Na época as casas das famílias russas serviam de alojamento para os soldados cada residência era obrigada a receber cinco deles e Michel apaixonou-se pela mãe de Raissa, mas também foi enviado à guerra.

Conforme a artilharia alemã avançava, a família fugia para outros lugares, como a antiga Iugoslávia e a Romênia “Além dos meus avós e dos meus dois irmãos que morreram num bombardeiro aéreo, vi minha irmã mais nova morrer de fome”. A fuga só adiou o destino de Raissa. Mais cedo ou mais tarde, se não eram mortas, as famílias eram levadas aos campos de concentração na Alemanha.

Por serem considerados inimigos políticos, os russos eram de certa forma, privilegiados nos campos de concentração e recebiam roupas dos Judeus. “Não usávamos o uniforme listrado, mas só comíamos alpiste com água pela manhã, apontou a sobrevivente do Holocausto, palavra de origem grega que significa “sacrifício pelo fogo”. Porém, o sentido moderno da palavra tem referência à perseguição e ao extermínio, promovido pelo governo nazista de judeus e grupos considerados racialmente inferiores além de perseguidos por seu comportamento político ideológico ou comportamental como socialistas comunistas e homossexuais contrários à ideologia alemã pregada por Adolf Hitler”.

Pós-Guerra 

Com o fim da Guerra, Raissa, a mãe e a irmã sobrevivente Ludmila moraram no porão de uma casa na Itália e para se alimentar viviam em lixões e tiveram que comer carne de cavalo, raízes de matos, e ratos. Minha mãe tirava o couro e fervia, detalha. Nessa época Raissa tinha 8 anos de idade.

A família com o padrasto que conseguiu sobreviver à guerra e localizá-las mais tarde – migrou para o Brasil em 1948. Raíssa, Ludmila, além de Luba e Nádia - duas filhas que Ana teve com Michel - viveram com os pais em Jaguaré, distrito de São Paulo.

Foi há 28 anos no seu segundo casamento que trouxe Raissa a Sorocaba e, por consequência, ao bairro de Brigadeiro Tobias “Eu já o conhecia (MAX) da juventude e reencontrei-o numa temporada no litoral”, conta. Max era viúvo e já morava em Brigadeiro Tobias.

No início de 2023 estreou no Teatro Municipal “Teotônio Vilela”, em Sorocaba, a Peça 'Após Auschwitz' retrata a vida de sobrevivente do Holocausto, as lembranças da imigrante russa são contadas pela atriz e bailarina sorocabana Regina Fonseca, por intermédio da técnica de teatro inglesa verbatim. A direção é de Herbert Bianchi.

Após passar por todas estas dificuldades de sobrevivência, vem influenciando vários jovens e adultos.